terça-feira, 28 de junho de 2011

Rascunho

Olhava para ele com um tom de afeto, mas também de repúdio. Esse nunca foi o plano. Como foi chegado esse ponto? Um desvio de rota nunca foi planejado.
Nele, via uma vontade de viver singular. Uma força tamanha que não o permitia se dar por vencido, porém, não tão grande para fazê-lo não parar de caminhar.

Via sua vida sob tons acizentados, olhava pela janela e ansiava pelo mundo em cores...
Esperava o dia em que a palavra "vida" deixasse de ser uma mera palavra para se transformar num sentimento, num estado de espírito. Enquanto o dia não chegava, ele apenas existia.
Cada novo dia, uma elegia ao dia anterior desperdiçado.

Mas via tudo como um grande aprendizado. Sobre si mesmo, sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o mundo. Pensava que sua história poderia ter sido diferente. Lembrava de certa vez em que lhe disseram "se deixe ajudar". Como sempe foi muito reservado, se sentiu meio afrontado.
Hoje vê que se tivesse sido um pouco mais aberto, as coisas poderiam ter sido um pouco diferentes.

Mas, tentando não se apegar ao ontem que foi e ao como hoje poderia ter sido, tentava se focar no amanhã que poderá ser. Ele conseguia caminhar, mas ainda faltava algo. A força que não o permitia desistir ainda não era o bastante para fazê-lo continuar, sem parar.