quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Melancolia - Melhores Filmes de 2011

★★★★☆
Ótimo

Dá pra ver que Lars Von Trier não se livrou totalmente dos demônios que o levaram a escrever "Anticristo". Apesar das histórias não terem a ver, muitos elementos do seu filme anterior continuam presente em "Melancolia". A dor é sentida nos dois filmes quase na mesma proporção, mesmo não sendo o mesmo tipo de dor.

Dividido em duas partes - Justine e Claire -, o filme começa com um casamento de luxo. Os noivos são Justine (Kirsten Durst) e Michael (Alexander Skarsgård, o vampiro Eric de True Blood.), aparentemente um casal normal e feliz. Aparentemente. Justine se revela uma maníaco-depressiva que parece tentar achar no casamento uma forma de felicidade, ou pelo menos a esperança de se sentir normal. Mas não consegue achar. Já não bastasse a família problemática, Justine começa a ter uma crise depressiva, o que faz com que cerimônia fique por um fio. Michael faz de tudo para agradá-la, mas não parece ser o bastante. Sua irmã Claire e seu cunhado John (Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland, respectivamente), que pagaram o casamento, tentam ao máximo fazer com que Justine se sinta bem, e salvar a festa que cada vez mais parece que vai dar errado.

A segunda parte é mais centrada em Claire, que acolhe Justine em sua casa por uns dias, após mais uma de suas crises. Nem a presença de seu sobrinho, adorado por Justine, a faz comer ou se levantar da cama.
Nesse momento todos já sabem que o planeta Melancolia já está a caminho da Terra, o que faz com que John  fique animado e Claire preocupada. O interessante nessa segunda parte é justamente ver como cada um reage a aproximação do Planeta. John, admirador da astrologia, tem certeza que o Melancolia apenas passará pela Terra, e fica ansioso pela oportunidade única de ver um evento dessa magnitude. Claire, se enche de dúvidas e de medo diante de uma possível colisão. Já Justine, mesmo sem entender muito do assunto, sabe que esse será o fim da Terra. E esse, é o único evento no filme todo que põe uma certa "alegria" no coração dela. A esperança do fim. Do fim da tristeza, do sofrimento, da vida. E a cada dia que se passa e que o Planeta se aproxima, Justine volta ao estado "normal".

Como o próprio nome deixa a entender, "Melancholia" (no original) é um filme sofrido, melancólico. Em alguns momentos pode até chegar a ser um pouco maçante pelo fato do drama dominar do início ao fim, sem dar espaço para nenhum elemento fora do gênero. O que mais chega perto de sair um pouco do drama, é o suspense em volta da colisão ou não do Planeta Melancolia com a Terra. Porém, em se tratando de Lars von Trier, não é muito difícil adivinhar o final. Mas não se enganem, é um ótimo filme.

Um ponto positivo que não pode deixar de ser citado é a fotografia. É de cair o queixo de tão linda. Cada cena é um espetáculo - e já começa na introdução, uma das mais belas dos últimos anos. Arrisco dizer, que gostei mais dos aspectos técnicos do que da história em si. Von Trier e sua equipe conseguem fazer da dor uma coisa linda, seja através da fotografia, da trilha sonora etc.

Por último, muita gente tem comparado "Melancholia" com "A Outra Terra". Achei o primeiro tecnicamente melhor e visualmente mais bonito - o orçamento explica (Melancholia custou 7 milhões, enquanto Another Earth, 200 mil), mas, em história, Another Earth me tocou mais. Ele trata, dentre outras coisas, de uma possível segunda chance, enquanto Melancholia se limita a mostrar a própria melancolia em seu estado mais puro, sem nenhuma esperança.
Mas recomendo ambos, sem sombra de dúvida.

Melancholia
Dinamarca / Suécia / França / Alemanha - 136 min.
Drama
Direção: Lars von Trier

Roteiro: Lars von Trier
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Alexander Skarsgaard, John Hurt, Stellan Skarsgaard, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling

Oscar 2012 - Indicados/Comentários


E saíram os indicados para o Oscar. Na lista rolou algumas surpresas (não tão boas), mas nada que espante muito:


  • Melhor Filme
O Artista (The Artist)
Os Descendentes (The Descendents)
Cavalo de Guerra (Warhorse)
O Homem Que Mudou o Jogo (Moneyball)
A Árvore da Vida (The Tree Of Life)
Meia-Noite em Paris (Midnight In Paris)
Histórias Cruzadas (The Help)
A Invenção de Hugo Cabret (Hugo)
Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud And incredibly Close)


  • Melhor Diretor
Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)
Michel Hazanavicius (O Artista)
Alexander Payne (Os Descendentes)
Woody Allen (Meia-Noite em Paris)
Terrence Malick (A Árvore da Vida)


  • Melhor Ator
Demián Bichir (A Better Life)
George Clooney (Os Descendentes)
Brad Pitt (O Homem Que Mudou O Jogo)
Gary Oldman (O Espião Que Sabia Demais)
Jean Dujardin (O Artista)

  • Melhor Atriz
Glenn Close (Albert Nobbs)
Viola Davis (Histórias Cruzadas)
Rooney Mara (Millennium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres)
Meryl Streep (A Dama de Ferro)
Michelle Williams (Sete Dias Com Marilyn)


  • Melhor Ator Coadjuvante
Kenneth Branagh (Sete Dias Com Marilyn)
Jonah Hill (O Homem Que Mudou O Jogo)
Nick Nolte (Guerreiro)
Christopher Plummer (Toda Forma De Amor)
Max von Sydow (Tão Perto E Tão Forte)


  • Melhor Atriz Coadjuvante
Bérénice Bejo (O Artista)
Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)
Melissa McCarthy (Missão Madrinha De Casamento
Janet McTeer (Albert Nobbs)
Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)


  • Melhor Animação
Chico & Rita
Rango
Um Gato em Paris
Gato de Botas
Kung Fu Panda 2

  • Melhor Documentário em Longa-Metragem
Hell and Back Again
If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front
Paradise Lost 3: Purgatory
Pina
Undefeated

  • Melhor Documentário em Curta-Metragem
The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
God Is the Bigger Elvis
Incident in New Baghdad
Saving Face
The Tsunami and the Cherry Blossom

  • Melhor Filme Estrangeiro
Bullhead - Bélgica
Monsieur Lazhar - Canadá
A Separação - Irã
Footnote - Israel
In Darkness - Polônia

  • Melhor Direção de Arte
O Artista
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Invenção de Hugo Cabret
Meia-Noite em Paris
Cavalo de Guerra

  • Melhor Fotografia
O Artista
Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
A Invenção de Hugo Cabret
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra

  • Melhor Figurino
Anonymous
O Artista
A Invenção de Hugo Cabret
Jane Eyre
W.E. - O Romance do Século


  • Melhor Montagem
O Artista
Os Descendentes
Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
A Invenção de Hugo Cabret
O Homem Que Mudou o Jogo


  • Melhor Maquiagem
Albert Nobbs
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Dama de Ferro


  • Melhor Curta-Metragem
Pentecost
Raju
The Shore
Time Freak
Tuba Atlantic


  • Melhor Curta-Metragem de Animação
Dimanche/Sunday
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
La Luna
A Morning Stroll
Wild Life


  • Melhor Roteiro Adaptado
Os Descendentes
A Invenção de Hugo Cabret
Tudo Pelo Poder
O Homem Que Mudou o Jogo
O Espião Que Sabia Demais


  • Melhor Roteiro Original
O Artista
Missão Madrinha de Casamento
Margin Call - O Dia Antes do Fim
Meia-Noite em Paris
A Separação

  • Melhor Canção Original
Man or Muppet (Os Muppets) - música e letra de Bret McKenzie
Real in Rio (Rio) - música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown e letra de Siedah Garrett

  • Melhor Trilha Sonora
As Aventuras de Tintim - John Williams
O Artista - Ludovic Bource
A Invenção de Hugo Cabret - Howard Shore
O Espião que Sabia Demais - Alberto Iglesias
Cavalo de Guerra - John Williams

  • Melhor Edição de Som

Drive
Millennium -
Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
A Invenção de Hugo Cabret
Transformers 3: O Lado Oculto da Lua
Cavalo de Guerra

  • Melhor Mixagem de Som
Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
A Invenção de Hugo Cabret
O Homem Que Mudou o Jogo
Transformers 3: O Lado Oculto da Lua
Cavalo de Guerra

  • Melhores Efeitos Visuais
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2
A Invenção de Hugo Cabret
Gigantes de Aço
Planeta dos Macacos: A Origem
Transformers 3: O Lado Oculto da Lua

-----------------------------------------------------------

Alguns comentários sobre as indicações:
- 9 indicados a Melhor Filme e Tudo Pelo Poder não entrou na lista? poderiam ter indicado esse ótimo filme (que concorreu em outras premiações) e fechado logo as 10 indicações, como nos dois últimos anos.
- O tal de Demián Bichir tirou a indicação do Leonardo DiCaprio (por J. Edgar) em Melhor Ator. No one saw that coming!
- A ausência da Tilda Swinton como Melhor Atriz (por "Precisamos Falar Sobre o Kevin) também é surpresa.
- Jonah Hill indicado como Ator Coadjuvante
(mesmo tendo sido indicado também ao Globo De Ouro) é uma das coisas mais bizarras dos últimos anos. Por outro lado, Nick Nolte foi lembrado pela bela atuação em Warrior.
- Muita gente comentando a ausência de As Aventuras de Tin Tin como melhor animação. Eu não vi o filme ainda, mas realmente isso soa estranho (até por ter ganho o Globo de Ouro na categoria e ter sido indicado em outras premiações).
- Melancholia fora em Melhor Fotografia = RIDÍCULO.
- O excelente Drive só foi lembrado em Edição de som. Mais uma injustiça.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Outra Terra/The Sunset Limited - Melhores Filmes de 2011

Another Earth

★★★★☆
Ótimo

Rhoda Williams (interpretada pela linda Brit Marling) é uma estudante brilhante. Na mesma noite em que consegue uma vaga no MIT, o mundo descobre uma segunda Terra no Universo. Voltando de uma comemoração, Rhoda se distrai observando o astro azul (um ponto, na verdade) no céu, e acaba causando um acidente de trânsito em que uma mulher e seu filho morrem. Ela é presa por 4 anos e quando sai da cadeia, descobre que aquele astro azul está bem maior, e cada vez se aproximando mais da nossa Terra.
Consumida pela culpa, Rhoda vai atrás de John Burroughs (William Mapother), o único sobrevivente do acidente que ela causou. A princípio, ela vai atrás de John para pedir perdão por ter causado a morte de sua esposa e filho, mas ela não consegue. Ela começa a frequentar a casa de John que, deprimido, não sabe o que fazer da vida. Aos poucos eles acabam se envolvendo emocionalmente e Rhoda não sabe como lhe contar a verdade.
Com a aproximação da outra Terra, teorias sobre o Planeta ser uma possível réplica do nosso se fortalecem. E Rhoda e John começam a pensar na possibilidade de o acidente não ter acontecido na "Terra 2".

Apesar da bela fotografia e das atuações decentes, o maior mérito de "Another Earth" (no original) é te fazer pensar tanto no que aconteceu na tela, quanto na própria vida - todos cometemos erros e, em algum momento, imaginamos como seria se não os tivéssemos cometidos. Recomendo, mas não como um filme de ficção científica. "A Outra Terra" é muito mais um drama sobre culpa e reparação, que utiliza a ficção como forma de reflexão dos sentimentos apresentados na história - como a outra Terra simbolizando a esperança de uma segunda chance.

Interessante ver como a casa do John representa seu estado de espírito. Quando Rhoda chega a casa está um caos, parecendo em ruínas, como a vida dele. Enquanto Rhoda vai limpando e arrumando o lugar, ele vai voltando a viver. Quem matou sua família, o traz de volta a vida.

Algumas pessoas acham que poderiam ter explorado mais a viagem à Terra 2, como seria lá e tal... Acho que foi acertada a decisão de não explorar tanto o lado sci fi da história, porque se não toda a filosofia do filme ficaria em segundo plano. E é isso que faz de A Outra Terra um filme especial. Eu preferi assim.


 --------

The Sunset Limited


★★★★★
Excelente

Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones, dois monstros do cinema, dando aula de atuação em apenas um único cenário (a sala do apartamento de Black, personagem do L. Jackson), e em 90 minutos.
A história é simples: numa noite White (Jones) decide se suicidar e Black acaba o salvando. Black leva White para sua casa, e os dois começam a debater sobre a vida, morte, religião. Enquanto o ateu White está convencido de que não há mais motivo para viver, Black - ex-presidiário que se converteu ao cristianismo - faz de tudo para mostrá-lo que isso não é verdade.
 
"The Sunset Limited" lembra um pouco dois outros filmes que eu gosto muito. O formato (com apenas um cenário) lembra "Entrevista", com Sienna Miller e Steve Buscemi. Já a história (um pastor que tenta de qualquer jeito salvar um "perdido") remete, de leve, "Entre o Céu e o Inferno", também com o Samuel L. Jackson.

É um filme feito para TV, mas que merecia ter passado no cinema, para atingir um público maior. Apesar do enredo simples, o bom roteiro e direção, e as atuações incríveis de Samuel L. Jackson e Tommy Lee Jones fazem de "The Sunset Limited" um filme inesquecível e que toca o espectador.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Contágio - Melhores Filmes de 2011

★★★★☆
Ótimo

O que logo chama atenção em "Contágio", é o elenco de primeira. Mas, ao mesmo tempo em que isso pode ser uma vantagem - chamando atenção da mídia e do público -, pode ser também uma maldição. Um elenco excelente não é sinônimo de bom filme, apenas cria espectativa e coloca mais pressão para que o filme realmente seja bom. E a nova produção de Steven Soderbergh consegue corresponder as espectativas.

"Contágion" (no original) é sobre uma doença viral com alto índice de fatalidade que rapidamente se espalha por todo o mundo, se transformando numa pandemia sem precedentes. Uma equipe de médicos e cientistas de várias nacionalidades se junta para tentar rastrear o paciente 0 e achar uma cura, antes que seja tarde demais.

Além do já citado elenco, que tem boas atuações, outro ponto forte de Contágio é mostrar o início da epidemia em vários pontos de vista. Temos duas famílias comuns, representadas por Mitch Emhoff (Matt Damon) - que perde a mulher (Gwyneth Paltrow) e o enteado logo no início -, Roger (John Hawkes, indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante ano passado por Inverno da Alma), um jornalista investigativo (Jude Law) e as instituições públicas e científicas. Nesse último núcleo que temos o maior número de personagens (interpretados por atores como Laurence Fishburne, Kate Winslet e Marion Cotillard). Instituições como CDC e OMS montam uma força tarefa para descobrir mais sobre o vírus, que tem uma taxa de mortalidade alarmante, ao mesmo tempo em que tentam rastrear o paciente 0. Nos bastidores dessa corrida contra o tempo, vemos a impotência crescente nos médicos, epidemiologistas, cientistas e até políticos frente a algo que eles não conseguem entender ou controlar. Impotência essa, que em níveis mais baixos da sociedade costuma evoluir para o caos; e é isso que eventualmente acontece.
Soderbergh ainda aproveita para levantar uma discussão sobre a atuação do governo nesse tipo de situação crítica e ainda a possível parceria com indústrias farmacêuticas, dando preferência a alguma em particular na fabricação das vacinas, por exemplo.

Atualmente filmes de grande orçamento parecem ter a necessidade de ter mais de 2 horas de duração, o que na maioria das vezes não é necessário, e faz com que isso se torne um ponto negativo. Já Contágio, vai contra essa "máxima". Com um bom ritmo, roteiro e edição ágeis, e uma trilha sonora que dá um clima ainda mais tenso, o filme desenrola bem a sua história contando tudo em 1h40, o que impede o filme de ser cansativo.

Apesar dos vários pontos positivos, alguns defeitos se tornam bem visíveis. Por ter muitos personagens importantes, o desenvolvimento deles acaba sendo comprometido, tornando-os por vezes superficiais. São tantos personagens em tantos núcleos, que às vezes dá impressão que faltou foco. Nisso Steven Soderbergh peca.
Mas, no final das contas, "Contágio" não decepciona e é um bom filme. Mesmo tratando de um tema não muito original, Soderbergh e sua equipe não deixaram o filme cair na mesmisse e o resultado acaba sendo bem interessante.

Contagion
EUA , 2011 - 106 min.
Drama/Suspense
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: Scott Z. Burns
Elenco: Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Kate Winslet, Laurence Fishburne, John Hawkes, Jude Law, Marion Cotillard

domingo, 15 de janeiro de 2012

Tudo Pelo Poder - Melhores filmes de 2011

★★★★★
Excelente

Roteiro bem amarrado, boas atuações, direção decente de George Clooney e personagens interessantes e relativamente bem desenvolvidos - a história se passa em pouco tempo e tem vários personagens). Com esses elementos, "Tudo Pelo Poder" consegue ser um dos melhores filmes do ano, mesmo tratando de um tema que a primeira vista pode fazer com que a maioria das pessoas torça o nariz.
O fillme não chega a ser inovador e nem grandioso - e nem tem intenção de ser. Afinal, um filme com tantas estrelas ter um orçamento de $12 milhões (baixo para os padrões de Hollywood) não é sinal de pretensão. Mas cumpre tudo aquilo que promete: uma boa história sobre os bastidores de uma eleição americana, mostrando que, na política, não existem santos e que lealdade é algo relativo.

Acompanhamos a trajetória de Stephen Meyers (Ryan Gosling), um gênio da área de relações públicas que, aos 30 anos, já é uma das peças fundamentais na campanha do governador Mike Morris (George Clooney) nas primárias do partido Democrata para a disputa presidencial. Idealista, Stephen admira Morris, com quem divide várias das mesmas opiniões e ideias. Mas aos poucos Stephen percebe que idealismo e boas intenções não são garantias de sucesso na política. Quando fica claro que, para ganhar as primárias e sair como candidato democrata Mike Morris vai ter que se aliar e prometer um cargo de alto escalão para um Senador (Jeffrey Wright) que ele não confia, Morris e sua equipe tem que decidir entre perder a eleição mantendo a ideologia, ou sujar as mãos por um "bem maior" (escolha não muito difícil para Pullman, adversário de Morris). Morris resiste, mas a derrota não é uma opção para Paul Zara, (seu chefe de campanha, e patrão de Stephen, interpretado por Philip Seymour Hoffman) que o pressiona para fazer o acordo com o Senador.
Tudo fica mais difícil quando, ao mesmo tempo em que Stephen começa a ser pressionado pela jornalista Ida Horowicz (Marisa Tomei, em atuação discreta) que tem informações sobre seu encontro com Tom Duffy (Paul Giamatti, sempre bem) - o responsável pela campanha de Pullman -, ele descobre um segredo envolvendo Morris e sua estagiária, Molly (Evan Rachel Wood, ótima), que pode ser um golpe mortal não apenas para a candidatura de Morris, mas para toda sua vida política.
 A partir daí o filme tem suas reviravoltas que conseguem prender ainda mais a atenção de quem está vendo.

"The Ides Of March" (no original) é um prato cheio pra quem gosta de política. Na verdade, qualquer apreciador de um bom filme (independente de ser sobre política ou não) vai gostar da 4ª produção assinada por Clooney - e a melhor, com certeza.

E realmente 2011 foi o ano de Ryan Gosling. Depois de ter feito bons filmes como "Drive" e "Crazy, Stupid, Love", ele faz o seu filme mais maduro, conseguindo se destacar e passar segurança como protagonista em um elenco com nomes como Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti e George Clooney.
E, pelo papel de Stephen Meyers, Gosling foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator de Drama, assim como ator de Comédia, por "Crazy, Stupid, Love".

O que o ele tem de feio, tem de competente.
[Agora é só esperar as pedradas das mulheres]

The Ides Of March 
EUA , 2011 - 101 min.
Drama
Direção: George Clooney
Roteiro: George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon
Elenco: Ryan Gosling, George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Evan Rachel Wood, Paul Giamatti, Jeffrey Wright, Marisa Tomei

Guerreiro/Drive - Melhores filmes de 2011

Guerreiro

★★★★★
Excelente

"Guerreiro" conta a história da família Conlon - os irmãos Tommy e Brendan, e o pai Paddy. Tommy (Tom Hardy) é um ex-fuzileiro que volta à sua cidade e descobre que em pouco tempo vai acontecer um grande torneio de MMA. Ele pede para o pai, Paddy, treiná-lo. Brendan é um professor endividado prestes a perder a casa, e que vê apenas nas lutas a sua esperança de conseguir o dinheiro necessário.

"Warrior" (no original) não tem um elenco tão estelar como "The Fighter", mas é tão bom quanto, senão melhor. As cenas das lutas são muito bem feitas e empolgam. Nick Nolte está ótimo como Paddy, um ex-boxeador que no passado se entregou ao alcoolismo e foi um pai ausente. Hoje, recuperado, busca a redenção na forma do perdão dos filhos. Perdão que parece díficil obter de Tommy, uma muralha física e emocional, e principalmente de Brendan que não entende como o seu irmão foi capaz de se reaproximar do pai, mesmo que só visando o treinamento para o torneio.
Tom Hardy consegue colocar a carga emocional necessária para a construção de Tommy, um personagem complexo e difícil, e está perfeito no papel. Joel Edgerton não brilha tanto quanto Nolte e Hardy, mas está muito bem também. É pelo seu personagem que um dos assuntos mais importantes do filme é abordado: o preconceito que ainda ronda o Vale Tudo. Sua esposa (Jennifer Morrison) o pressiona para se afastar da luta, e ele ainda acaba sendo afastado da escola onde leciona após descobrirem o seu envolvimento no esporte.

O torneio começa e os dois irmãos se classificam para a final. Tommy é do tipo rolo compressor, acaba com todos que aparecem pela frente, já Brendan é daqueles que apanham bastante, mas a sua força de vontade é maior que a técnica e as dores, e ele sempre acaba vencendo. Como não podia deixar de ser, a luta é emocionante. As mágoas dos irmãos não são apenas direcionadas ao pai, mas um ao outro também. E é dentro do Octógono que todo o rancor que os irmãos guardaram durante os anos explode.

Filmes sobre artes marciais não são novidade. O MMA é um esporte em ascensão, inclusive no Brasil, mas"Guerreiro" se destaca por tratar do tema colocando a família em primeiro plano e, por isso, o filme tem sucesso não apenas como um filme de luta, mas no aspecto dramático.

--------

Drive

★★★★★
Excelente


Muitos que viram "Drive" pensavam que veriam um filme de ação e acabaram se decepcionando com o ritmo lento que é imposto na primera metade do filme. Realmente o trailer pode passar uma idéia errada, mas esse ritmo um pouco arrastado é fundamental para a apresentação e construção dos personagens - ainda mais o Motorista, que é um personagem um tanto misterioso, de pouquíssimas palavras.

E é em torno desse solitário personagem interpretado por Ryan Gosling que o filme gira. O protagonista anônimo (identificado apenas como "driver") é um motorista dublê de filmes que faz uma grana extra usando suas habilidades no volante para participar de assaltos. Ele conhece Irene (Carey Mulligan) e seu filho com quem logo se afeiçoa. Recém-saído da cadeia, o marido de Irene, é forçado a cometer um roubo para pagar um dívida. O Motorista se oferece para ajudar, mas as coisas acabam dando errado e ele tem que se virar para continuar vivo e proteger Irene e o filho.

Além de Ryan Gosling, Carey Mullingan, Oscar Isaac e Albert Brooks o elenco principal ainda é sustentado por três estrelas de algumas das principais séries atuais de TV: Bryan Cranston (Breaking Bad), Ron Perlman (Sons Of Anarchy) e Christina Hendricks (Mad Men).

Drive é um ótimo drama com toques de ação, muito bem dirigido, atuado e produzido. A bela fotografia e a trilha sonora meio anos 80 ajudam a construir um clima ainda mais interessante que consegue envolver o espectador e levá-lo para dentro da história.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Melhores filmes de 2011 - Comédia

Amor À Toda Prova (Crazy, Stupid, Love) 



★★★★☆
Ótimo

Eu não sou fã de comédias românticas, mas li tantos comentários positivos que decidi dar uma chance para "Crazy, Stupid, Love". E se o filme fosse ruim, pelo menos teria a Emma Stone para compensar. E realmente "Amor A Toda Prova" funciona muito bem. O ótimo elenco tem nomes como Steve Carell, Julianne Moore, Ryan Gosling, e Marisa Tomei e está afinadíssimo.

Porém, o filme foi muito bem até se entregar ao clichê da parte dramática, que parece ser obrigatório a toda comédia envolvendo casais. Eu achei que foi algo "anti-climático", por assim dizer.
Se tivessem se importado menos com o drama e apostado apenas na comédia despretensiosa, seria ainda melhor.

Mas, mesmo com a derrapada, gostei do filme. Vale pelas partes engraçadas.

--------

A Mentira (Easy A)

★★★★☆
Ótimo

Lançado em setembro de 2010 nos EUA, "Easy A" chegou no Brasil (com o nome de "A Mentira) e em vários outros países em 2011, por isso que acabou entrando na lista - e porque esse ano foi meio fraco no gênero. Essa ótima comédia estrelada por Emma Stone nem passou pelos cinemas aqui, indo direto para as locadoras.

A história gira em torno de Olive Penderghast que, para escapar de um acampamento de fim de semana que não queria ir com a sua amiga, inventa que terá um encontro com um cara mais velho. Na semana seguinte, ela reecontra a amiga que a pergunta sobre o encontro, querendo saber os detalhes. Pressionada, Olive acaba mentindo e falando que perdeu a virgindade. O que era pra ser uma mentira ingênua, para terminar uma conversa, acaba tomando proporções gigantescas e suja a reputação da outrora aluna exemplar. Olive decide "assumir" essa reputação, seja para ajudar seu amigo gay ou para benefício próprio.

A direção de Will Gluck e o roteiro de Bert V. Royal criam situações hilárias. Os diálogos são ágeis e inspirados e as atuações são boas, principalmente de Emma Stone e de Patricia Clarkson, que interpreta a mãe meio desregulada de Olive.

É um filme despretensioso e bem divertido.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Melhores filmes de 2011

Durante os próximos dias farei um apanhado dos melhores filmes de 2011, fazendo críticas dos mais importantes e comentários de outros.
Eu não vou falar de TODOS os filmes que mais gostei, nem vou fazer por ordem de preferência, mas será bom relembrar algumas das produções importantes do ano passado.
Uma lista de alguns dos filmes que eu gostei e que podem ser comentados:

Melhores filmes de Drama: Melancolia/Tudo Pelo Poder/Drive/Guerreiro/The Sunset Limited
Melhores filmes de Ação: Sucker Punch/Drive Angry
Melhores filmes de Aventura: 13 Assassinos/Super 8
Melhores filmes de HQ: Thor/Capitão América
Melhores filmes de Comédia: Crazy, Stupid, Love/Easy A
Melhores filmes de Terror: Insidious/Premonição 5/Pânico 4
Melhores filmes de Suspense: I Saw The Devil/The Dead
Melhor filme Independente: Another Earth
Melhores Blockbusters: Planeta Dos Macacos: A Origem/Cowboys & Aliens