segunda-feira, 27 de julho de 2009

A diferença entre a Falta e a Saudade

Geralmente eu escrevo aqui meus desabafos sobre política ou coisas nesse sentido mas, expecionalmente hoje, decidi desabafar aqui o que eu não costumo conseguir em outros lugares.

Às vezes essa questão vem na minha mente. Qual a diferença entre sentir falta e sentir saudade, seja de algo ou alguém? Acho que se nossa língua fosse o inglês não teríamos problemas com isso, afinal, para os dois casos a palavra "miss" daria conta do recado.
Mas tem como sentir saudade de algo que nunca tivemos ou que não lembramos ter tido? Acho que, nesse caso, no nosso bom português, a expressão correta seria "sentir falta".

Eu falo isso porque, quem me conhece, sabe que a minha mãe morreu quando eu era muito novo. Era década de 80 e teve o surto de AIDS. Minha mãe acabou sendo contaminada no hospital, por causa de uma transfusão de sangue. Ela lutou durante anos, mas acabou não resistindo e faleceu em 1990. O fato de eu (e meu irmão também) estar vivo hoje é um milagre de Deus. Era pra eu ter nascido com o vírus HIV.
Hoje, eu tenho a minha tia (irmã do meu pai) como uma mãe, inclusive assim a chamo. Ela sempre cuidou de mim e até hoje moro com ela.

O casamento do meu primo, nesse final de semana, foi uma rara oportunidade de reunir quase toda a família por parte de mãe. Muitos eu não via há muito tempo porque eles moram longe. Nem lembrava como eles eram. Mas estavam lá, e bem na mesa onde nós (eu, meu irmão, meu pai e sua esposa) sentamos, o irmão e a irmã da minha mãe, sem falar da mãe do noivo, que é a tia (materna) com quem eu sempre tive mais contato. E ainda teve uma mulher que veio falar comigo dizendo que conheceu a minha mãe e falou que ela era a mais bonita de todos os irmãos... rs
Confesso que, sempre que ouço falarem dela, fico meio triste. Sem desmerecer todo o amor e o esforço da minha tia, eu acho que esse vazio materno nunca será completamente preenchido. E isso me deixa... Bem, eu sinto falta disso.

Eu não sou um cara muito emotivo, que chora fácil e tal, e geralmente eu guardo minhas emoções para mim mesmo. É difícil eu chorar por algo ou alguém - e acho isso um defeito. Mas isso é uma coisa que sempre me causa aquele nó na garganta.
Ter saudade de algo que você ainda pode ter é algo mais esperançoso do que sentir falta de algo que você nunca teve (ou não se lembra de ter tido) e sabe que nunca terá.

Às vezes, eu acho meio injusto conhecer tantas pessoas que conheceram minha mãe e que falam o quão boa e bonita ela era, e eu não ter uma simples memória dela.
Não sei como seria se ela estivesse aqui hoje, ou se ela tivesse, pelo menos, vivido mais tempo. Não sei o quão diferente minha vida seria. Mas aí me vem uma outra questão: O que é mais doloroso? A dor da perda ou da falta?
Quem perde um(a) companheiro(a), ainda tem a chance de arrumar um(a) outro(a) companheiro(a). Até o sofrimento da perda de um filho, que é algo terrível e muito pior, é um vazio que pode, eventualmente, ser, pelo menos um pouco, preenchido. E a mãe? É uma posição quase impossível de se preencher, independentemente do amor e da dedicação de outra pessoa.

Minha intenção não é querer comparar ou medir as dores das perdas/faltas. Eu só tento entendê-las. Talvez eu nunca consiga, mas não custa tentar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O exemplo vem de cima

Vendo os escandalos diários do congresso nacional, eu fico me perguntando se ainda falta muito para chegarmos no fundo do poço. A política brasileira está despencando há muito tempo, levando junto a nossa dignidade.
Fico triste quando leio que nosso senado virou assunto numa revista britânica, com o sugestivo título "casa de horrores".

Lula, que sempre criticou Sarney (inclusive chamando-o de "grande ladrão"), agora dá apoio incondicional ao velho adversário, que tem seu cargo ameaçado, dizendo que Sarney não pode ser tratado como uma "pessoa comum". Como diria os americanos numa situação como essa: What the hell?!?! O que ele quis dizer com isso? Tudo bem que eles se acham seres superiores se comparado a nós, mas a justiça não deveria ser igual para todos?
Lula já disse, que prefere ser uma metamorfose ambulante, mudando de opinião de acordo com a mudança das coisas... Mas é uma pena que as opinões dele só mudaram pra pior. E esse tipo duvidoso de mudança pode significar outra coisa também: falta de caráter.
Não sei onde eu li isso, mas quem falou acertou em cheio: Lula não tem princípios, só fins.

Já na Câmara, o deputado Edmar Moreira (o deputado do castelo) foi julgado 2 vezes no Conselho de "Ética". Na 1ª vez, se livrou da cassação (por ser uma punição muito severa, segundo os deputados), e na 2ª vez se livrou de uma suspensão de 4 meses, em que continuaria a receber salário (seria como umas férias). E, hoje, o processo foi arquivado e as acusações retiradas! Incrível...
Se JK soubesse em que se transformaria Brasília, acho que ele pensaria duas vezes antes de construí-la. Ele deve estar se revirando no túmulo com tudo isso acontecendo.

Pra finalizar, o exemplo vem de cima... Com um presidente que não lê jornais (como o próprio declarou), senadores que usam dinheiro que não são deles para fins próprios, deputados com carteira de habilitação suspensa dirigindo por aí, e agora, uma ministra (e pré candidata a presidencia) que "maquiou" seu curriculo, o que esperar da sociedade? Maus exemplos geram maus comportamentos, e impunidade gera impunidade.

Eu discordo da frase "os politicos são o reflexo da sociedade".
Brasília pode até ser um reflexo da sociedade, mas é um reflexo deturpado. Com tudo o q há de pior. Um espelho quebrado.
Nós não elegemos politicos estupidos porque nós somos estupidos... Nós elegemos politicos estupidos porque nós somos apenas ignorantes...