sábado, 26 de fevereiro de 2011

Oscar 2011 - Cisne Negro


★★★★★
Excelente

Black Swan (no original) nos leva numa viagem inesquecível pela mente atormentada de Nina Sayers - interpretada divinamente por Natalie Portman -, uma bailarina que luta para ser reconhecida na sua companhia de balé. Thomas Leroy (Vincent Cassel), o coreógrafo e diretor da companhia anuncia uma nova versão de O Lago Dos Cines onde uma só bailarina vai interpretar o Cisne Branco e o Cisne Negro. A antiga bailarina principal, intepretada por Winona Ryder, é forçada a se aposentar, abrindo uma concorrência pelo papel principal.
Nina é escolhida para protagonizar o balé, mas com a chegada de Lily (Mila Kunis) ela sente-se ameaçada a perder o papel. Nina é a personificação do Cisne Branco: pura, inocente, frágil. Mas não consegue incorporar o lado "dark" do Cisne Negro. Já a espontânea Lily parece ter o que falta em Nina, e o que o Cisne Negro representa: sensualidade, uma certa ambiguidade, olhar misterioso...

Tendo uma mãe super protetora - chegando a ser opressora - e sendo super retraída, Nina enfrenta pressão de todos os lados e leva ao limite tanto seu corpo como sua mente. A aparência frágil de Nina chama atenção. Fisicamente ou emocionalmente, dá a impressão de que ela vai se quebrar a qualquer momento. E essa fragilidade de Nina vai passando para a fina "casca" que separa a realidade do delírio.

Como muitos já disseram, faço questão de repetir: Cisne Negro não é um filme sobre balé. O balé é apenas uma ferramenta usada pelo diretor para fazer um espetacular ensaio sobre o delírio e o (des) equilíbrio entre o real e imaginário. O filme tem o mérito em levar o espectador à paranóia de Nina, não sabendo o que ela está imaginando e o que realmente está acontecendo. Ficamos tão perdidos quanto a personagem.
Beirando a perfeição em todos os aspectos Cisne Negro é um thriller psicológico que cumpre muito bem o seu objetivo de ser ambíguo, perturbardor e denso. E entre tantos delírios, no final só resta uma realidade: Cisne Negro é uma obra prima.

Black Swan
EUA , 2010 - 108 min.

Suspense
Direção: Darren Aronofsky Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz, John J. McLaughlin Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder, Benjamin Millepied, Ksenia Solo, Kristina Anapa
Indicado a: Melhor filme; Melhor diretor; Melhor atriz; Melhor fototografia; Melhor montagem

Oscar 2011 - O Discurso do Rei


 ★★★★☆
Ótimo

O filme com mais indicação ao Oscar - 12 no total - conta a história do rei George VI, e sua dificuldade de superar a gagueira. Antes mesmo de se tornar rei, o Duque de York tentava curar o problema indo em muitos especialistas e utilizando técnicas das mais variadas (e estranhas). Depois de ir em tantos especialistas e não ter sucesso, ele desiste. Mas sua esposa Elizabeth o convence a ir numa consulta com Lionel Logue, um especialista com métodos bem diferentes do que ele estava acostumado.

Após a morte de George V, o irmão mais velho de Bertie (como é chamado pelos mais próximos) é nomeado Rei Eduardo VIII. Imaturo, suas ações beiram a irresponsabilidade, o que deixa Bertie e várias pessoas dentro e fora do governo incomodadas, como o Primeiro Ministro, que ameaça renunciar. Isso tudo justamente enquanto a II Guerra Mundial tomava forma. Eduardo - ou David, como também é chamado - acaba abdicando o trono e Bertie o sucede, se tornando o Rei George VI. Durante as consultas, Lionel Logue vai se tornando seu mais próximo - e talvez único - amigo.

Com cenas cômicas, irônicas, e até utilizando humor negro, o diretor Tom Hooper soube imprimir um clima leve para tratar de tal assunto, e impediu que o filme caísse no dramalhão.

Outro ponto forte de The King's Speech é a bela fotografia. Um exemplo é a bela cena em que, depois de uma discussão, Bertie deixa Logue para trás e este vai sendo "engolido" pelo famoso fog inglês. Com ótimos enquadramentos de câmera, por vezes até chega a parecer um pouco estranho. Geralmente vemos os personagens dialogando no centro da tela, mas aqui, em muitas cenas, eles são "jogados" para o canto da tela.

Quanto as atuações, não é preciso nem falar de Colin Firth e Geoffrey Rush. A performance da dupla é impressionante e Firth, sem dúvida, levará o Oscar de ator principal. Ele transmite perfeitamente a grande insegurança - e força de vontade maior ainda - do Rei que teve como seu primeiro grande teste a maior guerra já vista pela humanidade. E Rush é o único capaz de tirar o Oscar de ator coadjuvante das mãos de Christian Bale (O Vencedor). Helena Bonham Carter dá uma pausa nos personagens caricatos de Tim Burton e de Harry Potter para interpretar a Rainha Mãe, esposa de George VI.

O Discurso do Rei é o favorito ao Oscar, e justamente. É perfeito em quase todos os aspectos, conta uma história interessante, tem bons atores e personagens que despertam afeição no público.

The King's Speech
Inglaterra, Austrália, EUA , 2010 - 118 min.
Drama
Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Elenco: Colin Firth, Geoffrey Rush, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Michael Gambon, Guy Pearce, Claire Bloom, Tim Downie, Timothy Spall, Robert Portal, Richard Dixon, Paul Trussell, Adrian Scarborough, Andrew Havill, Charles Armstrong, Roger Hammond
Indicado a: Melhor filme; Melhor diretor; Melhor Ator; Melhor ator coadjuvante; Melhor atriz coadjuvante; Melhor roteiro original; Melhor direção de arte; Melhor fotografia; Melhor figurino; Melhor montagem; Melhor trilha sonora; Melhor mixagem de som

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Oscar 2011 - Inverno da Alma


★★★★☆
Otimo

Toda edição do Oscar costuma ter um "azarão" ou "patinho feio" na categoria Melhor Filme. Aquele filme bom (e de baixo orçamento, na maioria das vezes) mas não no nível dos favoritos ao prêmio. Ano passado tinha, por exemplo, Educação, e na edição de 2008, Juno. Ainda mais agora que os indicados aumentaram de 5 para 10, as chances desse tipo de filme aumentaram.
O "patinho feio" nesse ano é o drama/thriller Winter's Bone (no original), de Debra Granik, que ganhou vários prêmios nos festivais de filmes independentes e foi indicado ao Oscar.

O filme se passa numa comunidade no interior dos Estados Unidos onde grande parte dos moradores são traficantes ou pessoas envolvidas em outros tipos de ações ilícitas. Com suas próprias regras, códigos de conduta e um sotaque carregadíssimo que mais parece outro idioma, essa comunidade isolada da América como conhecemos é quase uma outra civilização. E é nessa comunidade, que parece parada no tempo, que vive Ree (Jennifer Lawrence, numa atuação incrível), uma adolescente de 17 anos que tem que sustentar seu casal de irmãos pequenos e sua mãe doente. As coisas que já eram difíceis parecem piorar quando o xerife Baskin avisa Ree que o seu pai, preso por fabricar metanfetamina, desapareceu enquanto estava em liberdade condicional e colocou a casa como garantia de fiança. Se Ree não encontrá-lo, eles perderão a casa.
A partir desse momento nós mergulhamos no dia-a-dia dessa comunidade exótica.

Assim como Ree carrega sua família nas costas, Jennifer Lawrence carrega o filme nas suas. Está perfeita em todas as cenas e, com 20 anos, parece não sentir o peso de protagonizar o filme. John Hawkes é outro destaque interpretando Teardrop, o tio de Ree. É um personagem complexo e extramente ambíguo. Mas durante o filme mais de sua história e personalidade vão sendo reveladas. Indicação justa ao Oscar por Ator Coadjuvante.

Apesar da boa história, ótimas atuações e personagens interessantes, Inverno da Alma não consegue empolgar muito, principalmente aos que procuram mais ação em filmes de suspense, por exemplo. Porém, o mistério em torno da busca e do destino do pai de Ree consegue amenizar a carga dramática do filme.

[No post "A Arte Não Muda. Nós Mudamos" abordo novamente o filme.]

Winter's Bone
EUA , 2010 - 100 minutos
Drama / Suspense
Direção: Debra Granik
Roteiro: Anne Rosellini, Debra Granik, Daniel Woodrell (romance)
Elenco: Jennifer Lawrence, John Hawkes, Kevin Breznahan, Garret Dillahunt, Lauren SweetserIndicado a: Melhor filme; Roteiro adaptado; Melhor atriz; Melhor ator coadjuvante.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Oscar 2011

Bem, quem me conhece sabe que eu adoro cinema, e também gosto de escrever (apesar que tenho preguiça). Eu já escrevi algumas críticas mas parei há um tempo.
A partir dessa semana vou começar um especial sobre o Oscar 2011. O meu plano é escrever críticas dos 10 filmes indicados a Melhor Filme. Não sei se vou conseguir fazer as críticas a tempo (faltam um pouco mais de 2 semanas) e nem se vou conseguir assistir a todos os filmes (faltam 5), mas pelo menos vou tentar.

A primeira já está pronta. Se não der pra postar todas até lá, eu faço um resumão num post só.
Segue a lista dos melhores filmes indicados ao Oscar desse ano:

- Cisne Negro (Black Swan)
- O Vencedor (The Fighter)
- A Origem (Inception)
- O Discurso Do Rei (The King's Speech)
- A Rede Social (The Social Network)
- Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right)
- Toy Story 3
- 127 Horas (127 Hours)
- Bravura Indômita (True Grit)
- Inverno Da Alma (Winter's Bone)

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Oscar 2011 - Minhas Mães e Meu Pai


★★★☆☆
Bom

The Kids Are All Right (no original) conta a história de uma família cada vez menos incomum nos dias de hoje: Jules e Nic (Juliane Moore e Annette Bening, respectivamente), duas mães gays casadas há 20 anos e seu casal de filhos, Joni e Laser, interpretados por Mia Wasikowska e Joshua Hutcherson.
Tudo começa quando o filho mais novo, Laser, pede para Joni, que completa 18 anos, telefonar para a clínica onde suas mães fizeram a inseminação artificial para saber a identidade do homem que doou o esperma para que suas mães pudessem engravidar. Então conhecemos Paul (Mark Ruffalo), que recebe bem a notícia que sua filha o procura. Ele liga para Jodi na intenção de marcar um encontro para se conhecerem - isso tudo sem o conhecimento das mães.

Numa confusão, Laser acaba contando a elas sobre a descoberta e o encontro com o pai, o que as deixam suspresas. Diante do desejo da filha de se encontrar de novo com ele, as mães decidem marcar um almoço com toda a família.
Enquanto Nic se mostra mais inflexível com a situação - ter que dividir seus filhos com o recém descoberto pai - Jules começa a se aproximar mais de Paul, e eles acabam tendo um pequeno caso.
Esse triângulo amoroso mexe com a estrutura da família de uma forma que eles nunca tinham vivenciado.

Abordando temas como reprodução artificial e lesbianismo, Minhas Mães e Meu Pai mostra os desafios que uma família ainda "exótica", porém aparentemente perfeita, pode enfrentar quando situações saem do controle. Mas apesar de parecer um filme de drama pesado, a diretora Lisa Cholodenko soube abordar esses assuntos com uma forma bem humorada. E mesmo sendo um filme centrado num casal lésbico, não há espaço para preconceitos - boa parte disso porque o filme é todo centrado na família, não tendo muitos personagens fora desse círculo.

Mark Ruffalo, que é um grande ator, mesmo não tendo uma atuação incrível, consegue captar bem o jeito descolado e sensível de Paul. Já Annette Bening se destaca e concorre justamente ao Oscar como Atriz Protagonista. Das indicadas é a única que pode ameaçar a vitória de Natalie Portman, a favorita. Com a indicação de Bening, pode-se pensar que a atuação de Julianne Moore é apagada, mas ela tem ótima atuação e é quem dita o ritmo do filme. Mia Wasikowska cada vez confirma mais seu potencial. Sem dúvida continuará crescendo e será uma das atrizes mais importantes nos próximos anos.

O único ponto fraco do filme foi o final. Devo admitir que não me agradou muito. Foi um tanto vago, como se tivesse faltado alguma coisa.
Mesmo não estando no nível dos favoritos ao Oscar, Minhas Mães e Meu Pai é um bom filme e certamente merece atenção.

The Kids are All Right

EUA , 2010 - 104 minutos
Comédia / Drama
Direção: Lisa Cholodenko
Roteiro: Lisa Cholodenko
Elenco: Julianne Moore, Annette Bening, Josh Hutcherson, Mia Wasikowska, Mark Ruffalo, Yaya DaCosta, Kunal Sharma, Eddie Hassell, Rebecca Lawrence, Joaquín GarridoIndicado a: Melhor filme; Melhor atriz; Melhor ator coadjuvante; Melhor roteiro original.