sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A Arte não muda. Nós mudamos.

Você já mudou de ideia em relação a algum filme, música ou qualquer outra expressão de arte? Como se você não gostasse num momento e mais tarde começasse a gostar, ou vice-versa.
Isso acontece comigo com uma certa frequência. Músicas que eu eu não gostava e aprendi a gostar com o tempo. Ou filmes que, antes sem graça, agora parecem algo perto de uma obra prima. O contrário também acontece, claro.

Um exemplo recente disso é o filme "Inverno da Alma", que vi pela primeira vez para comentar aqui no blog, já que era um dos concorrentes ao Oscar de melhor filme de 2011 (a crítica pode ser lida aqui). Era o "underdog" daquela lista que continha filmes como "O Discurso do Rei" (que ganhou a estatueta), "Cisne Negro", "O Vencedor", "A Origem" etc. Foi o filme que "apresentou" Jennifer Lawrence ao mundo. Até então atriz desconhecida, ela foi indicada como Melhor Atriz pela bela atuação como Ree. Apesar da indicação, ela só foi estourar depois com "X-Men: Primeira Classe" e "Jogos Vorazes". O filme ainda contou com outro desconhecido, John Hawkes, que interpretou Teardrop, simplesmente um dos melhores personagens do ano. Mas a disputa na sua categoria (Ator Coadjuvante) era cruel e ele não teve a mínima chance contra Christian Bale (por "O Vencedor") — e ainda tinha Geoffrey Rush.

Por que estou "ressuscitando" "Inverno da Alma" aqui no blog? Porque um dia desses revi o filme e tive uma outra impressão sobre ele. Pelo que eu escrevi sobre o filme ano passado, dá pra perceber que eu achei um bom filme. E só. Nem digno de estar na lista de melhores filmes de 2011. Porém, revendo mais de um ano depois, vi o filme com outros olhos. Se antes eu o achava muito lento e com problemas no desenvolvimento da história, dessa vez achei que o ritmo não poderia ter sido melhor. O filme continua sendo meio lento, porém coeso com o modo de vida daquele lugar, que parece parado no tempo (em nenhum momento você vê uma televisão na casa das pessoas da comunidade, por exemplo).

O que eu quero ilustrar com esse exemplo é como nós mudamos nossa percepção da Arte com o tempo, seja por enxergarmos aspectos técnicos antes não vistos, ou simplesmente relacionarmos o que estamos vendo ou ouvindo à alguma experiência vivida. Algo no meu modo de ver mudou de lá pra cá. Para pior ou para melhor. Pessoalmente eu gosto de pensar que amadureci um pouco o meu "faro" para a 7ª Arte (rs) — algo que venho tentando fazer nos últimos anos. Isso não acontecerá com todos os filmes, é claro, mas existem certos elementos que você vai enxergar de maneira diferente com o passar do tempo. Não porque eles mudarão, mas porque você mudará. A Arte é imutável e independente do tempo. Mas a mente humana não. Por isso tantas obras (filmes, músicas, quadros, poesias etc) que foram subestimadas na época em que foram criadas hoje são adoradas. Van Gogh, que só vendeu um quadro durante sua vida, hoje é reconhecido como um gênio da pintura. O Homem mudou de lá pra cá. Sua ideia de Arte evoluiu — e está em constante evolução.
E a capacidade do Homem, que hoje mais do que nunca vive em função do tempo, criar algo atemporal como a Arte é uma das contradições mais lindas que existem.


"O filme nunca muda. Não pode mudar. Mas cada vez que você vê parece diferente porque você mudou. Você vê coisas diferentes." - James Cole (Os 12 Macacos)

6 comentários:

  1. Sempre percebi isso, mas vc com seu manejo da escrita expressou muito bem! Magnifico post!

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  2. É 'sa parada mesmo. E isso não acontece só com a arte, mas com a percepção do mundo em geral.

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    1. Com certeza. O modo como vemos as coisas está sempre mudando. Mas, como a Arte é criada pelo homem e fala por si só, acho que é um exemplo ainda mais interessante.

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