segunda-feira, 10 de junho de 2013

Homem de Ferro 3

★★☆☆☆
Razoável

Em 2007, a Marvel Studios estreou no universo cinematográfico para revolucionar a maneira como é feito os filmes de super heróis. Começando com um personagem que até então tinha papel secundário nas HQs da Marvel, a produtora lançou "Homem de Ferro", que até hoje é uma unanimidade dentre os fãs de quadrinhos e cinéfilos — um grande filme para ninguém botar defeito. Assim, a produtora mostrou a que veio e, a partir daí, lançou "O Incrível Hulk", "Homem de Ferro 2", "Thor" e "Capitão América", todos passados no mesmo universo e interligados entre si, até culminar no impressionante "Os Vingadores". Esse foi o final da Fase 1 da Marvel Studios.

Por isso, "Homem de Ferro 3" veio com duas grandes responsabilidades: fechar por cima a trilogia de Tony Stark, personagem mais querido da Marvel nos cinemas, e começar a Fase 2 com o pé direito. Infelizmente, o filme falha nos dois quesitos.
É o primeiro filme sem Jon Favreau na direção, que é assumida por Shane Black, criador da série "Máquina Mortífera" e diretor do ótimo "Beijos e Tiros" (protagonizado também por Robert Downey Jr.). Black, que também assina o roteiro (junto com Drew Pearce), faz um filme bobo que é mais comédia do que qualquer outra coisa — esqueça o tom sombrio tão enfatizado nos trailers.

Já buscando se conectar com o primeiro filme, uma das primeiras cenas de "Homem de Ferro 3" mostra o primeiro encontro de Stark com Yinsen, que o ajudou a construir a Mark 1 quando ele foi capturado no Afeganistão. Nesse mesmo evento onde os dois se encontram, Stark também conhece Aldrich Killian, que queria apresentá-lo um de seus projetos, mas acaba sendo ignorado já que o playboy estava ocupado demais com a cientista Maya Hanssen — e não por motivos profissionais.
No presente, um fragilizado Tony Stark tenta voltar a ter uma vida normal depois dos eventos de "Os Vingadores", afinal, conhecer semideuses, monstros verdes e combater forças extra terrestres vindas de um buraco de minhoca, mexe com qualquer um. E, não conseguindo mais dormir e tendo ataques de ansiedade, Stark passa o tempo construindo dezenas de armaduras e aprimorando suas tecnologias.
Enquanto isso, o mundo é assombrado por um terrorista chamado Mandarim, que num dos seus ataques acaba pondo em risco a vida de uma pessoa do círculo de Tony, que leva para o lado pessoal. Aí é onde a aventura começa e a sua vida pode terminar.


Apesar dos muitos defeitos, o filme tem um tema muito interessante: como os acontecimentos do passado moldam uma pessoa. Killian, enganado, e até pode-se dizer humilhado, por Stark no primeiro encontro dos dois, vira o jogo e se torna um brilhante e ambicioso cientista. Já Stark não consegue se livrar de seus medos e se esconde no seu casulo, a armadura. Ele já não consegue se sentir seguro fora dela (s). É impossível não lembrar da frase "A armadura e eu somos um" dita por ele em "Homem de Ferro 2". Só que na ocasião a frase tinha um sentido mais político e científico (de um inventor querendo defender sua invenção enquanto o governo queria confiscá-la). Agora, o sentido é literal, já que o que Stark busca é praticamente um estado de simbiose com a armadura.

O problema é que a resolução desse conflito de Stark não é só decepcionante como chega a trair a mitologia do herói. Aliás, muitas das resoluções das subtramas do filme são um tanto abaixo do esperado (como a do Mandarim, por exemplo, que com certeza deixou muita gente com raiva) e ainda deixam pontas soltas. O final escolhido por Black parece ter preocupado até Joss Whedon, que quando viu o filme comentou "Agora o que eu devo fazer? O que vou fazer em O Vingadores 2?". E realmente é uma "pepino" que passa para as mãos de Whedon, já que percebe-se que Shane Black não fez "Homem de Ferro 3" com uma ideia de continuidade, e sim de conclusão, o que é um erro já que o personagem é parte de um universo muito maior.


Mas se há uma coisa que Shane Black sabe fazer, e faz bem, é filme de ação com elementos cômicos. Você pode até não concordar com as escolhas narrativas que o diretor faz, mas a verdade é que o filme diverte. Não faltam cenas de ação com ótimos efeitos visuais — mesmo que a maioria seja sem as armaduras, ou pelo menos do Tony fora delas — e piadas. A escolha de tirar Tony Stark da sua zona de conforto e fazê-lo ser um herói apenas de carne e osso foi muito corajosa. O problema é que isso transformou o filme em algo muito parecido com a obra pela qual o diretor é mais conhecido. Sim, em determinados momentos, "Homem de Ferro 3" parece ser mais um "Máquina Mortífera" com armaduras e soldados luminosos do que um filme da franquia da Marvel. Há também elementos de filmes de espionagem, como quando Stark invade a mansão de Mandarim. A trilha sonora de Brian Tyler não deixa mentir, já que sua composição nessa sequência parece saída de um filme do James Bond.

Se o primeiro "Homem de Ferro" tentava ser um filme calcado no mundo real, o terceiro filme do herói toma muitas licenças poéticas em relação a HQ e a realidade, se tornando o filme mais fantasioso da saga.
Entre erros e acertos, "Homem de Ferro 3" fecha a trilogia de Tony Stark de forma decepcionante, deixando para "Thor: O Mundo Sombrio" a responsabilidade de ser o primeiro filme relevante da nova fase da Marvel.

3 comentários:

  1. Eu gostaria de comentar alguns pontos a mais, mas estou contra o tempo (já vai começar a conferencia da Sony). De qualquer forma posso dizer que discordo em alguns/vários pontos, eu sou um dos que "deveria" não ter gostado do que fizeram com o Mandarim (sou fã das HQs), mas ao contrario... Eles remediaram muito bem a questão na cena, e ainda por cima eu gostei mais ainda quando fui parar para pensar sobre.

    [SPOILER ALERT!]
    E outro ponto que vi muitos atacando no filme é sobre ele ser contra a mitologia do héroi, ao ele fazer a cirurgia e jogar o reator fora... Em primeiro lugar, ele não precisa do reator no peito para ser o Homem de Ferro (o Maquina de Combate funciona com o reator na armadura). E ele só fez a cirurgia pois ele conseguiu domar a tecnologia Extremis, é algo que passa rápido no final do filme, mas se vc prestar atenção... Ele diz que "resolveu o problema da Pepper" e depois o dele. Eu entendi que ele usou o Extremis para fechar o ferimento do peito dele. Pois se não for isso, ele quase morreu no segundo filme atoa. Hehe.
    [SPOILER DESALERT!]

    E para fechar, por mais que eu não concorde em vários pontos... Parabéns pela crítica, como sempre. :D

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    1. [Spoiler] Mas isso é outro ponto falho no filme. Falar que "resolveu o problema da Pepper" é algo muito vago. Tipo: "não estou afim de explicar o que aconteceu, mas vocês, espectadores, podem acreditar que dei um jeito, ok?"
      Se tivesse um outro filme do Homem de Ferro num futuro próximo para voltar e completar essa história (porque ficou tudo corrido e incompleto), até daria para relevar, mas os próximos filmes não terão a ver com essa trama e nem com o herói.

      O Shane Black quis tanto fechar a trilogia do Tony Stark (a explosão das armaduras é um exemplo disso), e acabou falhando em fechar a própria história do filme.

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    2. Eu concordo, realmente passou batido o finalzinho do filme. Mas esse filme foi sobre levar a tecnologia do Tony Stark ao máximo (algo que ele levou), e ainda assim ele perdeu a briga no final... Para ele, as armaduras eram descartáveis a partir do ponto em que não cumpriram o seu proposito, ele precisa de algo superior, e eu aposto que ele conseguiu isso com o extremis. De qualquer forma iremos conferir em Os Vingadores 2. :D

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