quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Melancolia - Melhores Filmes de 2011

★★★★☆
Ótimo

Dá pra ver que Lars Von Trier não se livrou totalmente dos demônios que o levaram a escrever "Anticristo". Apesar das histórias não terem a ver, muitos elementos do seu filme anterior continuam presente em "Melancolia". A dor é sentida nos dois filmes quase na mesma proporção, mesmo não sendo o mesmo tipo de dor.

Dividido em duas partes - Justine e Claire -, o filme começa com um casamento de luxo. Os noivos são Justine (Kirsten Durst) e Michael (Alexander Skarsgård, o vampiro Eric de True Blood.), aparentemente um casal normal e feliz. Aparentemente. Justine se revela uma maníaco-depressiva que parece tentar achar no casamento uma forma de felicidade, ou pelo menos a esperança de se sentir normal. Mas não consegue achar. Já não bastasse a família problemática, Justine começa a ter uma crise depressiva, o que faz com que cerimônia fique por um fio. Michael faz de tudo para agradá-la, mas não parece ser o bastante. Sua irmã Claire e seu cunhado John (Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland, respectivamente), que pagaram o casamento, tentam ao máximo fazer com que Justine se sinta bem, e salvar a festa que cada vez mais parece que vai dar errado.

A segunda parte é mais centrada em Claire, que acolhe Justine em sua casa por uns dias, após mais uma de suas crises. Nem a presença de seu sobrinho, adorado por Justine, a faz comer ou se levantar da cama.
Nesse momento todos já sabem que o planeta Melancolia já está a caminho da Terra, o que faz com que John  fique animado e Claire preocupada. O interessante nessa segunda parte é justamente ver como cada um reage a aproximação do Planeta. John, admirador da astrologia, tem certeza que o Melancolia apenas passará pela Terra, e fica ansioso pela oportunidade única de ver um evento dessa magnitude. Claire, se enche de dúvidas e de medo diante de uma possível colisão. Já Justine, mesmo sem entender muito do assunto, sabe que esse será o fim da Terra. E esse, é o único evento no filme todo que põe uma certa "alegria" no coração dela. A esperança do fim. Do fim da tristeza, do sofrimento, da vida. E a cada dia que se passa e que o Planeta se aproxima, Justine volta ao estado "normal".

Como o próprio nome deixa a entender, "Melancholia" (no original) é um filme sofrido, melancólico. Em alguns momentos pode até chegar a ser um pouco maçante pelo fato do drama dominar do início ao fim, sem dar espaço para nenhum elemento fora do gênero. O que mais chega perto de sair um pouco do drama, é o suspense em volta da colisão ou não do Planeta Melancolia com a Terra. Porém, em se tratando de Lars von Trier, não é muito difícil adivinhar o final. Mas não se enganem, é um ótimo filme.

Um ponto positivo que não pode deixar de ser citado é a fotografia. É de cair o queixo de tão linda. Cada cena é um espetáculo - e já começa na introdução, uma das mais belas dos últimos anos. Arrisco dizer, que gostei mais dos aspectos técnicos do que da história em si. Von Trier e sua equipe conseguem fazer da dor uma coisa linda, seja através da fotografia, da trilha sonora etc.

Por último, muita gente tem comparado "Melancholia" com "A Outra Terra". Achei o primeiro tecnicamente melhor e visualmente mais bonito - o orçamento explica (Melancholia custou 7 milhões, enquanto Another Earth, 200 mil), mas, em história, Another Earth me tocou mais. Ele trata, dentre outras coisas, de uma possível segunda chance, enquanto Melancholia se limita a mostrar a própria melancolia em seu estado mais puro, sem nenhuma esperança.
Mas recomendo ambos, sem sombra de dúvida.

Melancholia
Dinamarca / Suécia / França / Alemanha - 136 min.
Drama
Direção: Lars von Trier

Roteiro: Lars von Trier
Elenco: Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Alexander Skarsgaard, John Hurt, Stellan Skarsgaard, Kiefer Sutherland, Charlotte Rampling

2 comentários:

  1. Realmente, Melancolia é um ótimo filme. Se eu tivesse assistido o filme sem saber o titulo iria sugerir o que ele recebeu. Hehe.
    Tbm recomendo esse filme, mas cuidado para não assisti-lo em um dia feliz pois ele pode acabar com o seu dia. Haha.
    E Israel, ótimo texto.

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    1. Hehehe. Verdade. O von Trier nomeou bem. Aliás, ele deve ter criado primeiro o título e depois pensado na história do filme. Hehehe

      Valeu pelo elogio, Luan! =)

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