sexta-feira, 4 de outubro de 2013

[Fora de Série] Arrow - 1ª Temporada



Quando soube que iam fazer uma série do Arqueiro Verde, não levei fé nenhuma. Eu "previ" que seria cancelada logo na primeira temporada. Mas também, a única referência do Arqueiro que eu tinha na TV era em "Smallville", que era também a minha única referência de série de super herói. Se a pegada do Arqueiro e de "Arrow" fosse a mesma de Smallville, acho que não teria feito sucesso mesmo.

Mas eles inovaram. "Arrow" não tem o clima juvenil de "Smallville". É uma série mais densa e madura. Inclusive, dá pra perceber muito da trilogia do Batman, de Christopher Nolan, na série — dada as suas devidas proporções, é claro. A própria Starling City, que lembra muito Gotham, o realismo das cenas de ação (com lutas bem coreografadas), o senso de justiça que move personagem, o Arqueiro mudar sua voz, e até quando ele diz que o verdadeiro motivo de esconder seu rosto é para proteger as pessoas que ele ama.

Ainda tem duas outras coisas que gostei na série. Uma é o Arqueiro — ou "Capuz", como ele é chamado — não ser aquele herói 100% bonzinho, que praticamente prefere morrer do que matar alguém. Se tiver que matar bandidos, ele mata mesmo. Isso mostra como "Arrow" não é uma série inocente (assim como o mundo em que ele vive), onde valores podem ser facilmente separados por uma linha.
E a outra coisa é a forma narrativa escolhida para a série. Além do que acontece no presente, temos uma trama que nos conta por meio de flashbacks (que muitas vezes dialogam com o os acontecimentos do presente) o que aconteceu na ilha em que Oliver Queen ficou por 5 anos. É um excelente trabalho de roteiro e montagem. Acho até a trama da ilha mais interessante que a de Starling City. Por isso eu fiquei feliz por não terem terminado essa parte da história no season finale, que foi um dos melhores episódios de séries que assisti no ano — pareceu a própria versão do Cavaleiro das Trevas do Arqueiro Verde, pelo clima épico, com a cidade em perigo real, o embate final entre o herói e o vilão, e sacrifícios sendo feitos.


Vale destacar a atuação do Stephen Amell, que é muito reveladora, apesar de contida na maioria das vezes. Percebe-se a diferença no trabalho de voz e nos maneirismos do ator interpretando o Oliver de antes e de depois da Ilha. Pois realmente são dois personagens completamente diferentes. Um mauricinho e mimado, o outro sofrido e maduro, pelo peso do que ele viveu na Ilha e da responsabilidade atual.

A série tem outros personagens bem desenvolvidos, porém é nesse quesito que habita um dos principais problemas da produção, pois todos os clichês possíveis estão ali. Os personagens, como indivíduos, não são caricatos e tem, sim, uma certa complexidade, inclusive moral. Mas quando os observamos um pouco de longe, como "grupo", podemos perceber a formação de um padrão já utilizado incontáveis vezes em filmes e séries de heróis. Laurel (Katie Cassidy, "Gossip Girl") representa a paixão que o herói precisa abrir mão por causa de seu alter ego vigilante, Tommy (Colin Donnel) é o melhor amigo do herói que durante sua ausência, começa a ter um relacionamento com a ex-namorada do protagonista, John Diggle (David Ramsey, "Dexter") é o side kick que é a consciência de Oliver, o ajudando a se manter na linha, e Felicity Smoak (Emily Bett Rickards) é a hacker engraçadinha e atrapalhada, que costuma servir de escape cômico ("It feels really good having you inside me. And by 'you', I mean your voice. And by 'me', I mean my ear.").
Outros personagens importantes são Thea (Willa Holland, "The OC") e Moira Queen (Susanna Thompsom), irmã e mãe de Oliver, respectivamente, Walter Steele (Colin Salmon, de "Resident Evil), Tommy Merlin (John Barrowman) e o detetive Quentin Lance (Paul Blackthorne), pai de Laurel, que caça e eventualmente ajudar o Arqueiro ao longo da temporada.


Quando se coloca os prós e contras em comparação, todavia, esse tipo de problema não chega a ser tão incômodo, até porque nesse meio de produções baseadas em HQ, originalidade não é algo frequente de se ver. E "Arrow" não veio para inovar nesse quesito, e sim no sentido de trazer para a TV o que tem dado muito certo no Cinema: fazer com que o herói e o universo em que vive seja crível. Oliver Queen pode ser um mestre do arco e das artes marciais, mas ele apanha e sangra como qualquer ser humano. Outros personagens conhecidos da DC, como a Huntress (Jessica De Gouw) e o Deathstroke (Manu Bennett, de "Spartacus"), também aparecem, mas nunca como seres invencíveis, com habilidades sobre humanas. A série é toda construída levando em conta a verossimilhança.


Por todas essas qualidades, "Arrow" me surpreendeu, e muito. É uma excelente série que não subestima o espectador e merece ser vista não apenas por quem gosta de heróis. O roteiro mescla bem ação, drama, suspense e comédia, conseguindo agradar a todos os públicos.

A 2ª temporada começa dia 8 de outubro lá fora, e no trailer divulgado, Oliver não quer mais ser chamado de Capuz, e Canário Negro aparece. E o vídeo ainda dá a entender que o Capuz vai ficar um tempo sem aparecer (provavelmente pela perda sofrida no final da 1ª temporada). Provavelmente não será uma ausência de 8 anos, mas não deixa de ser mais uma semelhança com o Batman de Nolan.



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