sábado, 11 de fevereiro de 2012

Histórias Cruzadas - Oscar 2012

★★★☆☆
Bom

Estados Unidos. Década de 60. Uma América racista tratava os negros como se fossem uma raça inferior, os privando de direitos básicos de uma sociedade livre. A segregação racial levantava muros entre brancos e negros - patrões e empregados.
A recém-formada jornalista Skeeter Phelan (Emma Stone) via essas injustiças e não suportava. Ela então decide escrever um livro com relatos de empregadas domésticas denunciando os maus tratos de seus patrões brancos. Tarefa nada fácil, já que as empregadas resistiam em dar os depoimentos, temendo perderem o emprego ou até sofrerem outras formas de represálias - naquela época, o movimento pelos direitos civis crescia, e negros eram mortos e presos sem nenhuma razão. Mas Skeeter consegue convencer Aibileen (Viola Davis) - empregada de Hilly (Bryce Dallas Howard) - e, mais tarde, Minny (Octavia Spencer), a dar os depoimentos.
Skeeter meio que vivia uma vida dupla. Sua família e amigas faziam parte dessa sociedade opressora. Mas, por outro lado, ela ouvia e escrevia as histórias das mulheres negras, tentando ajudá-las a sair dessa situação exploratória.

O elenco, quase todo feminino, está muito bem. Viola Davis é a única que pode tirar o Oscar de Melhor Atriz de Meryl Streep (por "Dama de Ferro), e Octavia Spencer provavelmente ganhará por Melhor Atriz coadjuvante. O filme não vinha tendo muitas apostas para ganhar o prêmio principal do Oscar mas, depois de ter faturado o SAG Awards, ganhou um novo fôlego.

"Histórias Cruzadas" fala de um tema já muito explorado, mas ainda atual. O racismo continua presente na sociedade nos dias de hoje, embora em menor proporção. O filme, mesmo tendo bastante de diálogos, mostra em algumas cenas detalhes que traduzem o dia a dia e o pensamento daquela época. Como, por exemplo, o bairro onde as "pessoas de cor" moravam. Todas as mulheres saíam, como um bando, com a mesma roupa, para trabalhar como empregadas - ou procurar uma casa que as aceitassem como empregadas. Era como se as mulheres negras nascessem apenas para esse propósito - servir os brancos. Outro exemplo é a bandeira dos Estados Confederados do Sul (união de Estados escravocratas, que perderam a Guerra Civil) vendidas nas mesmas lojas onde os livros de Skeeter eram vendidos. Até hoje essa bandeira é símbolo de racismo nos Estados Unidos. E os livros serem vendidos nas mesmas lojas que visitadas por racistas, retrata uma mudança que já estava começando a aparecer nos Estados Unidos.

Mas a impressão que fica é que o filme peca por mostrar demais, tendo um clima quase que didático. Todos sabem que racismo é ruim, e os negros foram muito explorados naquela época. Apesar de ter imagens que falam por si só (como já foi citado), se a mensagem fosse um pouco mais implícita poderia ser melhor.
É um bom filme. E do tipo que a Academia gosta. Emociona, tem momentos de descontração, um elenco forte e uma história de superação. Mas parece faltar algo.

The Help
EUA , 2011 - 146 min.
Drama
Direção: Tate Taylor
Roteiro:
Tate Taylor
Elenco: Viola Davis, Emma Stone, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain, Ahna O'Reilly, Allison Janney, Anna Camp, Sissy Spacek, Chris Lowell, Mike Vogel, Cicely Tyson
Indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Atriz (Viola Davis), Melhor Atriz Coadjuvante (Octavia Spencer e Jessica Chastain)

2 comentários:

  1. Só eu que achei que se Octavia Spencer ganhar o Oscar (e provavelmente ganhará) não será muito merecido? Sei lá, achei a personagem muito 'comum'. Eu gosto quando o ator faz algo diferente do que vc veria ele fazendo, sei lá.

    Achei o filme interessante, e acho sim que tem grandes chances de levar o Oscar por conta do melodrama todo. Não sei a 'maior injustiça do mundo', mas achei ele forçado demais em algumas partes. Tinha a boa, tinha a má, essas coisas muito definidinhas cansa.

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    1. Eu gostei muito da atuação dela, mas eu não sei como é o jeito da Octavia Spencer, e nem a conheço de outros filmes... Então não posso dizer se ela fez algo diferente do que normalmente faz.
      E as outras atrizes que concorrem com ela, acho que não tem muita chance.

      Apesar de O Artista ser o favorito absoluto, The Help (ganhou SAG) e The Descendants (ganhou Globo de Ouro) correm por fora. Mas acho que não terá zebra esse ano.

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